Os dias passados em
Sintra foram dedicados ao descanso e ao reconhecimento da Vila. Do carnaval, nem cheiro... e ainda bem... fui para Sintra propositadamente para fugir aos festejos que o colega
Dupont tão bem soube descrever no seu post. Inevitávelmente, todos os anos, devido aos interesses das instituições às quais as minhas filhas pertencem, tenho que as deixar ir nos cortejos, para evitar berreiros e cenas... e invariávelmente, acabo no hospital com elas devido ao frio que se faz sentir nesta altura do ano... por essa razão, este ano acabei com essa história, e as filhotas nem protestaram...
Sintra é linda e vive o presente baseada no passado... pontos de interesse não faltam, e o tempo que lá passei foi pouco para poder assimilar tudo o que ela tem para oferecer... Gostei do
Palácio da Pena, de fantástica arquitectura que ainda mantém a quase totalidade do recheio original... Mais desapontado fiquei com o
Palácio da Vila, residência de verão dos reis, famosa pelas duas grandes chaminés e azulejos belíssimos, que dá ideia de ter sido completamente despojada dos seus bens, à excepção dos móveis mais pesados e de difícil transporte.
Como prometido às minhas filhas, visitei o
Museu do Brinquedo... Tive a oportunidade de conhecer o Sr. João Moreira, o coleccionador, e partilhar com ele a sua visão muito particular do brinquedo e a sua importância no decorrer da história. Trata-se de uma colecção impressionante de milhares de peças, mas a que mais me chamou a atenção foi o exército Nazi, para o qual o Sr. João me alertou para o facto de a personagem de Hitler ser a mais alta da colecção, quando na realidade ele era de baixa estatura... Outro pormenor interessante e macabro ao mesmo tempo, prende-se com o facto de a colecção Nazi incluir folhetos de instruções relativas à aniquilação dos Judeus e de como o fazer... note-se de que estamos a falar de brinquedos destinados a crianças...
Desapontado fiquei com o
Museu de Arte Moderna... esperava encontrar algo mais que salas vazias, e não tão pouco do espólio de Joe Berardo... a exposição consistia em peças de arte minimalista e demasiado cinzenta, com trabalhos de pouco interesse artístico ( pelo menos para mim ), excepção feita a um trabalho de Piet Mondrian de 1923. As manifestações artísticas de grande porte eram completamente desinteressantes, só descortinadas pelos dizeres de alguns críticos de arte... mas a Ana, já aborrecida, fez questão de salientar que
a arte deve ser dirigida ao povo, e não aos críticos, pelo que abandonamos a exposição...
Visitamos ainda a
Quinta da Regaleira, verdadeiro museu de arte arquitectónica... Não dá para explicar: só vendo se pode sentir a magia e a fascinação daquele lugar, que partiu da imaginação do seu propietário, o Manuel dos Milhões, e do arquitecto italiano Luigi Manini, que já tinha edificado o Palácio do Buçaco.
Saí de Sintra com a promessa de retornar brevemente, apesar de tudo ser extremamente caro... foi sem surpresa que na viagem ouvi uma notícia em que a
DECO, após um estudo em dezenas de cidades europeias, chegou à conclusão que Portugal era o terceiro país mais caro da Europa... realmente, uma torrada a 2,5 Euros e um pingo a 1,5 Euros dá para tirar algumas conclusões...